sábado, março 05, 2005

a s e c r e t a r i a d e i n t e l i g ê n c i a d o D A L P A S ! i n f o r m a .



Boberlândia, situada no Triângulo Mineiro, completou no ano de 1995, 107 anos de emancipação política como principal centro industrial do Triângulo e com uma população de 460 mil habitantes (segundo panfleto publicitário da prefeitura municipal). É um número expressivo se for considerado que em 1940 a cidade possuía 42 mil habitantes e, em 1980, 240 mil (dados do Anuário Estatístico do IBGE).

Localizada estrategicamente entre dez capitais, Boberlândia é a principal cidade de uma região que soma 120 cidades. É o 20º município do Brasil em arrecadação de tributos federais e 3º em arrecadação no Estado de Minas Gerais. Possui forte atividade econômica, dinamizada nos setores de serviços, dos comércios atacadista e varejista, de agroindústria, indústrias de transformação e construção civil e de armazenagem de grãos. Sua infra-estrutura urbana apresenta indicadores que a colocam entre as de melhor qualidade de vida do país.

Seria fácil dizer que a vocação comercial de Boberlândia, assim como o seu crescimento acelerado, deve-se a sua localização: a meio caminho entre São Paulo e Brasília, um portal para o Centro-Oeste brasileiro e passagem obrigatória para a capital federal para quem vem do sul.

Uma opção consciente da burguesia local, que construiu uma ideologia de progresso aliada à ordem, na qual o trabalho é apresentado como meio justo de produção de riqueza e a desigualdade social é escondida ou esquecida. 0

A burguesia local sempre se colocou como principal agente no processo de crescimento da cidade, envolvendo a população em lutas por estradas, pela viabilização do Distrito Industrial, pela sede do 36º Batalhão de Infantaria Motorizada e pela implantação de uma universidade federal, entre outras questões. Todas elas, no entanto, representam projetos que a cidade adotou para garantir o seu crescimento. A aceitação dessa ideologia, ou a sua implantação, está ligada à própria origem do município.

A história do povoamento regional está relacionada à mineração, o que proporcionou o trânsito de mercadorias e influenciou o surgimento de povoados ligados ao comércio. Foi o caso de São Pedro de Uberabinha, cujo nome foi mudado para Uberabinha, depois para Uberlândia, e, com a fundação do DALPAS, para Boberlândia.

Após o declínio do ciclo minerador, bastante tardio em relação ao resto do estado, as terras foram usadas para atividades agropastoris, possibilitando a fixação das primeiras famílias.

Mas Boberlândia continuou optando pelo comércio, integrando-se à economia mineira como rota de passagem para as províncias de São Paulo, Mato Grosso e Goiás, para as quais produzia e comercializava gêneros de primeira necessidade. O comércio, principal atividade econômica da cidade, incentiva a produção agrícola e a pecuária e cria condições para o aumento do número de indústrias.

Entre os principais fatores que contribuíram para o fortalecimento do comércio local e para o crescimento acelerado da cidade estão: a chegada da Estrada de Ferro Mogiana, em 1895, ligando São Paulo ao Triângulo Mineiro (o Moge não está aqui por acaso); a construção da Ponte Afonso Pena, em 1910, integrando o Triângulo ao sul de Goiás; e a criação da Companhia Mineira de Auto-Viação Intermunicipal, em 1912, ligando Uberlândia a Ituiutaba e cidades paulistas da fronteira.

Boberlândia deve em muito o seu progresso a seus três padrinhos: a Companhia Mogiana, a Ponte Afonso Pena e a Companhia Mineira de Auto-Viação Intermunicipal. Suas três madrinhas foram a política, a imprensa e a polícia, responsáveis por garantir o que ela recebera de seus padrinhos.


À imprensa coube um papel importantíssimo, o da difusão das idéias de trabalho, ordem e modernidade, o tripé em que se assentam as bases ideológicas do desenvolvimento econômico, político e sociocultural do município.
Alexandre Pires, ícone cultural da cidade.


“A palavra de ordem da burguesia local é união. Em Boberlândia prevalece a aliança dos setores dominantes urbano e rural, e desses com a classe política e os poderes governamentais”.
Seu Alexandrino Garcia, fundador da CTBShit.

Outros aspectos ideologicamente importantes para a compreensão da história do desenvolvimento de Boberlândia são: a rivalidade com a vizinha cidade de Boberaba, a falta de um sentimento de “mineiridade” e a questão da separação da região para a formação de um novo estado, o que ciclicamente explode em campanhas políticas.

Na década de 50, a burguesia local posicionou-se e lutou a favor da interiorização da capital nacional e iniciou campanhas para a instalação de cursos superiores na cidade.

Um novo impulso para o crescimento local ocorreu com o a escolha definitiva do local da nova capital nacional e a efetiva construção de Brasília. Somaram-se a isso a aceleração do fluxo migratório das zonas rurais para as urbanas (fenômeno comum em todo país), a implantação da Cidade Industrial e a criação da Universidade Federal de Usboberlândia, (atualmente com 25 cursos de graduação, 5 de mestrado e 1 de doutorado, além de uma comunidade acadêmica de 12 mil pessoas, entre alunos, dalpanistas, professores, técnicos administrativos, cães, gatos, pombos, entidades e drogas), o que conferiu uma expressão nacional a esse crescimento acelerado (sobretudo das drogas alucinógenas).

Em 1970, o político uberlandense Rondon Pacheco foi escolhido para governador do estado. É ele quem cria a Companhia de Distritos Industriais de Minas Gerais, que começa a ser implantada na cidade em 1972.

A opção pela industrialização, e principalmente pela agroindústria, teve início nos anos 60, produto da acumulação de riquezas geradas por atividades comerciais e agropecuárias. Esse processo foi acelerado pelo crescimento urbano e a mecanização das lavouras, consolidando a cidade como “capital” regional. Além disso, a industrialização e o comércio atacadista “abriram” a cidade para o capital forasteiro, vindo de outras regiões do país e do exterior.

A migração das cidades próximas já era conhecida e aceita como um reconhecimento da vocação de Boberlândia para o crescimento. Mas este era um migrante diferenciado, culto e com poder aquisitivo, porém incômodo, por desconhecer o “modo de vida” e as regras políticas da população local, que usou a imprensa da cidade para expressar sua indignação contra os “forasteiros”.


“Durante esse período, a cidade teve um acelerado movimento de expansão física, com a incorporação de áreas agrícolas ao solo urbano. O centro comercial transformou-se, englobando áreas residenciais e provocando um congestionamento de prédios, veículos e pessoas.
Urubu Doodle, filósofo do DALPAS.

Em 1979 os jornais demonstravam que pelo menos meio milhão de pessoas da cidade e da região sustentavam o comércio de Boberlândia. A cidade se transformou rapidamente, gerando novas expectativas para a população. Atualmente a “velha” Uberlândia é relembrada na memória dos mais idosos com saudosismo.