sexta-feira, fevereiro 25, 2005

algumas coisas que me fazem pensar na morte precoce...

aqui em terras goianas, no meio de cerrado recém desbravado, já me sinto em casa. isso é bom porque sai duma depressão mortífera nas terras baixas de boberlândia e começo a colher os louros do trabalho, ao invés de sofrer com as agruras do ocio, como diria o bom smurf. pelo dinheiro já valeria a pena... mas o lugar é legal. além disso é pewrtode bsb (placebo!!! luiz, bsb vc anima?) mas como isso aqui não é o meu diário não devo gastar posts contando segredinhos da nova vida. de qualquer forma, algumas coisinhas merecem ser contadas. tretas de cotidiano...
a cidade é grande, super expansão horizontal. pra ir de um lugar pra outro é realmente muito foda. dificuldade 1: t bem longe do meu trabalho (o apê vai indo, indo e nunca sai..paciência). dificuldade 2: onibus aqui é foda. em todo lugar é. mas aqui o negócio piora. aqui tem muita gente e pouco busão. pouco mesmo. a qq hora do dia, em qq lugar da cidade, os onibus só andam demarrando gente. literalmente. fico encabulado de ver como é q tem neguinho q ainda consegue se espremer e flutar na massa quente e fedida de trabalahadores. não que eu seja preconceituoso. digo, muito preconceituoso. mas aqui é quente e gente suada junta fede. o obvio ululante, rodrigueanamente.
pois bem, passemos ao drama. como trabalho o dia todo, tenho tido uma rotina exaustiva. sair de casa as 6 e voltar as 23. tolerável, afinal, é por pouco tempo, até meu dinheiro chegar e me dar a liberdade do claustro. então, matamaticamente, preciso 2 X por dia me aglutinar à massa quente fedida e feliz que enche os onibus e vaga, letamente, em direção aos confins da periferia.
nessas horas eu fico triste. espremido entre sovacos repulsivos eu prendo a respirtação e tenho impulsos respiratórios apenas. deixo o ar entrar e seguro as vezes esse ar por ate 3 minutos. se alguer um dia fizer uma contagem garanto q dentro do busão eu sou a pessoa que menos respira.
para alegrar o dia das pessoas que felizmente lotam o transporte coletivo da cidade, as companhias instalaram nos veículos - em todos eles - caixas de som de quinta categoria, que estouraram provavelmente nas primeiras 2 horas de funcionamento. muitas nunca foram trocadas e desde então chiam melodias conhecidas e de grande apelo popular.
considerando a tradiçao do lugar, as radios que tocam no onibus sao as populares. destacam-se na programação musical sertanejos amorosos e forrós do norte, assumidamente brega. vez por outra um sucesso pop digno do faustão e do programa da hebe.
volto eu, portanto, ontem a noite para casa, dentro de um onibus convencional - cheio e fedido - qdo me atei a reparar as feições das pessoas. muitos dormiam, ou pelo menos viajavam de olhos fechados pra não ver a desgraça. outros muitos, asim como eu, tinham tanto odio no olhar que podia ver pelas bochechas o ranger dos dentes. a maioria dos passageiros estudantes, que voltavam das aulas noturans depois de um dia cheio de trabalho. gente que se fode, literalmente, todo dia. igual eu na minha época de uberlândia. daí, em meio aos ruídos chiados e de decibéis fartos da danificada cx de som, identifiquei a música do latino, que agita todas as festinhas desde o inicio do ano. para meu espanto, as pessoas do onibus imediatamente começaram a surrurar a letra da musica junto com o cantor. os rostos cansados pareciam aos poucos ganhar novo animo e uma ponta de sorriso surgia em cada uma das faces marcadas pela sofreguidão da rotina. eu, estupefado, fiquei admirando. em pouco tempo percebi que o clima no onibus já havia se modificado... e muito.
fenomeno social interessante, pensei com eus botões, um tanto menos iritado pela graça da situação. nada poderia piorar, pensei enganado. e percebi que as coisas são mais simples que o diabo pinta. no refrão, como se por ensaio, a maior parte das pessoas do onibus soltou a voz e incitou a festa no ape do latino. fiquei sem saber se ria, gritava mandando aquele povo estupido calar a boca ou se cantava junto. felizmente o impeto de cantar foi rápido, um lampejo que provavelmente veio do sussuro aos meus ouvidos de um espirito que me persegue e carrega sentimentos fraternos pelos causas populares. então, para evitar constrangimentos, apenas ri. acabou a musica e a viagem seguiu. como antes, qdo a harmonia não havia ainda sido instaurada pelo latino. todos novamente pesaram os semblantes com odio e raiva. tudo voltava ao normal. mas na cabeça de todos, ecoando como um hino evangélico de desespero e angustia, mas q mostra a todos q cada um tem o seu lugar, e q o lugar daquele povo todo é ali, no busão lotado, se fudendo com a musica do latino na cabeça.............hoje é festa lá no meu apê pode aparecer, vai rolar bundalêlê.........