quinta-feira, abril 14, 2005

pequeno devaneio popular

sim. no alto do muro tinha um chimpanzé. tinha mesmo, sem querer nem poder, prometia um dia descer para se casar com uma moça bonita. linda mesmo. dessas de olhar. meus caros, a vida é difícil na favela e fora dela. eu fico aqui, no meu canto, aguardente o tempo passar. aguardente a boca secar para poder me esquecer. confio. sempre alerta. o telefone imóvel. minha bateria arriou, não me esperou chegar em casa. sozinho fiquei, entre duas paredes. soro fisiológico para quem tem o olho ardido. gelada a gota cai, sara a desgraça e me faz progressista. sem moça, nem chimpanzé, nem canto, aguardente o tempo passar.