quinta-feira, março 18, 2004

Estava sentado no meu escritório quando lembrei de uma chamada
telefônica
que tinha que fazer. Encontrei o número e disquei. Atendeu-me um cara
mal
humorado dizendo:

- Fale!!!

- Bom dia. Poderia falar com Andréa?

O cara do outro lado resmungou algo que não entendi e desligou na minha
cara. Não podia acreditar que existia alguém tão grosso. Depois disso,
procurei na minha agenda o número correto da Andréa e liguei. O
problema era
que eu tinha invertido os dois últimos dígitos do seu número. Depois de
falar com a Andréa, observei o número errado ainda anotado sobre a
minha
mesa. Decidi ligar de novo.Quando a mesma pessoa atendeu, falei:

- Você é um Filho da puta!!!

Desliguei imediatamente e anotei ao lado do número a expressão "Filho
da
puta" e deixei o papel sobre a minha agenda. Assim, quando estava
nervoso
com alguém, ou em um mau momento do dia, ligava prá ele, e quando
atendia,
lhe dizia "Você é um Filho da puta" e desligava sem esperar resposta.
Isto
me fazia sentir realmente muito melhor.

Ocorre que a Telepar introduziu o novo serviço "bina" de identificação
de
chamadas, que me deixou preocupado e triste porque teria que deixar de
ligar
para o "Filho da puta".

Então, tive uma idéia: disquei o seu número de telefone, ouvi a sua voz
dizendo "Alô " e mudei de identidade:

- Boa tarde, estou ligando da área de vendas da Telepar, para saber se
o
senhor conhece o nosso serviço de identificador de chamadas "bina".

- Não estou interessado! - disse ele, e desligou na minha cara.

O cara era mesmo mal-educado.

Rapidamente, disquei novamente:

- Alô?

- É por isso que você é um Filho da puta!!! - e desliguei.

Aqui vale até uma sugestão: se existe algo que realmente está lhe
incomodando, você sempre pode fazer alguma coisa para se sentir melhor:
simplesmente disque 0xx41-7643.6732 ou o número de algum outro Filho da
puta
que você conheça, e diga para ele o que ele realmente é.

Acontece que eu fui até o shopping, no centro da cidade, comprar umas
camisas.

Uma senhora estava demorando muito tempo para tirar o carro de uma vaga
no
estacionamento.

Cheguei a pensar que nunca fosse sair.

Finalmente seu carro começou a mover-se e a sair lentamente do seu
espaço.

Dadas às circunstâncias, decidi retroceder meu carro um pouco para dar
à
senhora todo o espaço que fosse necessário.

"Grande!" pensei, "finalmente vai embora".

Imediatamente, apareceu um Vectra preto vindo do outro lado do
estacionamento e entrou de frente na vaga da senhora que eu estava
esperando.

Comecei a tocar a buzina e a gritar:

- Ei, amigo. Não pode fazer isso! Eu estava aqui primeiro!

O fulano do Vectra simplesmente desceu do carro, fechou a porta, ativou
o
alarme e caminhou no sentido do shopping, ignorando a minha presença,
como
se não estivesse ouvindo.

Diante da sua atitude, pensei: "Esse cara é um grande Filho da puta!
Com
toda certeza tem uma grande quantidade de Filhos da puta neste mundo!".

Foi aí que percebi que o cara tinha um aviso de "VENDE-SE" no vidro do
Vectra.

Então, anotei o seu número telefônico e procurei outra vaga para
estacionar.

Depois de alguns dias, estava sentado no meu escritório e acabara de
desligar o telefone - após ter discado o 0xx41-7643.6732 do meu velho
amigo
e dizer "Você é um Filho da puta" (agora já é muito fácil discar pois
tenho
o seu número na memória do telefone), quando vi o número que havia
anotado
do cara do Vectra preto e pensei: "Deveria ligar para esse cara
também".

E foi o que fiz. Depois de um par de toques alguém atendeu:

- Alô.

- Falo com o senhor que está vendendo um Vectra preto?

- Sim, é ele.

- Poderia me dizer onde posso ver o carro?

- Sim, eu moro na Rua XV, n° 527. É uma casa amarela e o Vectra está
estacionado na frente.

- Qual e o seu nome?

- Meu nome e Eduardo Cerqueira Marques - diz o cara.

- Qual a hora é mais apropriada para encontrar com você, Eduardo?

- Pode me encontrar em casa à noite e nos finais de semana.

- É o seguinte Eduardo, posso te dizer uma coisa?

- Sim.

- Eduardo, você é um grande Filho da puta!!! - e desliguei o telefone.

Depois de desligar, coloquei o número do telefone do Eduardo (que
parecia
não ter "bina", pois não fui importunado depois que falei com ele) na
memória do meu telefone.

Agora eu tinha um problema: eram dois "Filhos da puta" para ligar.

Após algumas ligações ao par de "Filhos da puta" e desligar-lhes, a
coisa
não era tão divertida como antes.

Este problema me parecia muito sério e pensei em uma solução: em
primeiro
lugar, liguei para o "Filho da puta 1"

O cara, mal-educado como sempre, atendeu:

- Alô - e então falei:

- Você é um Filho da puta - mas desta vez não desliguei.

O "Filho da puta 1" diz:

- Ainda está aí, desgraçado?

- Siiimmmmmmmm, amorrrrrr!!! - respondi rindo.

- Pare de me ligar, seu filho da mãe - disse ele, irritadíssimo.

- Não paro nããão, Filho da putinha querido!!!

- Qual é o teu nome, lazarento? - berrou ele, descontrolado!

Eu, com voz séria de quem também está bravo, respondi:

- Meu nome é Eduardo Cerqueira Marques, seu Filho da Puta.

Porquê???

- Onde você mora, que eu vou aí te pegar, desgraçado? - gritou ele.

- Você acha que eu tenho medo de um Filho da puta? Eu moro na Rua XV,
n°527,
em uma casa amarela, e o meu Vectra preto está estacionado na frente,
seu
palhaço filho da puta. E agora, vai fazer o quê???? - gritei eu.

- Eu vou até aí agora mesmo, cara. É bom que comece a rezar, porque
você já
era. - rosnou ele.

- Uuiii! É mesmo? Que medo me dá, Filho da puta. Você é um bosta! E eu
estou
na porta da minha casa te esperando!!! - e desliguei o telefone na cara
dele.

Imediatamente liguei para o "Filho da puta 2".

- Alô - diz ele.

- Olá, grande Filho da puta!!! - falei.

- Cara, se eu te encontrar vou...

- Vai o quê? O que você vai fazer??? Seu Filho da puta!

- Vou chutar a sua boca até não ficar nenhum dente, cara!!!

- Acha que eu tenho medo de você, Filho da puta? Vou te dar uma grande
oportunidade de tentar chutar minha boca, pois estou indo para tua
casa, seu
Filho da puta!!! E depois de arrebentar sua cara, vou quebrar todos os
vidros desta porcaria de Vectra que você tem. E reze pra eu não botar
fogo
nessa casa amarelinha de bicha. Se for homem, me espera na

porta em 5 minutos, seu Filho da puta!!! - e bati o telefone no gancho.

Logo, fiz outra ligação, desta vez para a polícia. Usando uma voz
afetada e
chorosa, falei que estava na Rua XV, n° 527, e que ia matar o meu
namorado
homossexual assim que ele chegasse em casa. Finalmente peguei o
telefone e
liguei o programa da CNT "Cadeia" do Alborguetti, para reportar que ia
começar uma briga de um marido que ia voltando mais cedo para casa para
pegar o amante da mulher que morava na Rua XV, n° 527.

Depois de fazer isto, peguei o meu carro e fui para Rua XV, n° 527,
para ver
o espetáculo. Foi demais, observar um par de "Filhos da puta" chutando-
se
na frente de duas equipes de reportagem, até a chegada de 3 viaturas e
um
helicóptero da polícia, levando os dois algemados e arrebentados para a
delegacia.



Moral da história?



Não tem moral nenhuma! Foi de sacanagem mesmo...



E vê se atende o telefone educadamente, pois posso ser eu ligando para
você,
por engano...



"O que você fizer, faça-o com ousadia."