segunda-feira, maio 26, 2003

O aniversário do Smurf

Hoje, 25 de maio, data em que o nosso queridíssimo Smurf completa 20 anos vividos. Em celebração a esta marca estupenda, ocorreu ontem, Sábado a noite, um encontro especial dos amigos do Smurf na ACNA Corporation. A festa foi oferecida também ao amigo e aniversariante Leandro, fixo em tal residência e que faz parte do seleto grupo da ACNA. A festa, apesar de ter sido organizada na última hora, foi aprazível e repleta de eventos (dos mais hilários e pitorescos aos mais catastróficos possíveis).
Antes de iniciar o relato a respeito da festividade, vale a pena ressaltar alguns aspectos. Em primeiro lugar, a estrutura física (cerveja) foi gentilmente cedida pelos aniversariantes Smurf e Leandro (cada um colocou uma caixa). O João estava em Uberlândia (aguarde texto explicativo sobre a Lenda de João). Esses dois fatores já poderiam servir de indício para descobrir que a festa poderia ser daquelas em que todos os homens bebem até cair e as mulheres nem aparecem.
Mas, subitamente... o que ocorreu não pode ser dito repentinamente. De modo sistemático e didático, tentarei estipular o desenvolvimento dos fatos por meio de eventos cronológicos que poderão dar o tom surreal da noitada.

Evento 1: Ao chegar na ACNA (cheguei bem na hora da entrega das bebidas compradas do simpático Léo das cervejas) deparo-me com o João indo comprar um maço de cigarros da marca Marlboro (lights), pois na noite anterior sofrera exaustivamente por ter conseguido comprar apenas Carlton, que para ele é cigarro de bicha. Fomos até um botequim copo sujo, adquirimos os cigarros e, de troco, dois pirulitos. Voltei para casa apreciando um dos pirulitos enquanto João regozijava de prazer ao fumar seu Malrboro.

Evento 2: Chegando a casa dos sete rapazes, deparei-me com um tédio misturado a um tom de desespero dos moçoilos que, alucinadamente ligavam para todas as meninas do caderninho. Nesse meio tempo fomos buscar no ponto do ônibus a Taís, e, coincidentemente, encontramos o Luiz. Enquanto Smurf acompanhava a bela Taís até a sede da ACNA, Luiz e eu fomos a uma lanchonete comer um sanduba; importante: comemos ao som ensurdecedor do CD Os maiores sucessos do carnaval da Bahia – nem precisa dizer que engolimos o lanche em pouquíssimos minutos. Chegamos na festa e encontramos o mesmo cenário, agora embelezado pela Taís.

Evento 3: depois de alguns goles e muitos telefonemas, os rapazes da ACNA conseguiram algum êxito; meia dúzia de promessas e muita esperança. Quase esqueci de dizer, o Leandro até esse momento encontrava-se trancado no quarto com uma “mina misteriosa”. Combinamos de buscar a Roberta, que é nossa vizinha. Subimos Smurf, Luiz e eu para buscar a amiga e passar em casa. Nesse translado (que normalmente é cumprido em cerca de 20 min. ) gastamos quase 1 hora, tomandos alguns sustos com malinhas observadores; mas tudo transcorreu bem.

Evento 4: Regressamos o mais rápido que pudemos pensando no elevado nível de consumo etílico daqueles que permaneceram lá. Para a nossa surpresa, deparamo-nos com algumas meninas bonitas e uma clima de total satisfação. Com o objetivo (que não foi cumprido) de só sair dali bêbado na hora de ir p/ casa, caí na gandaia. Entretanto, talvez por não estar com a minha linda namorada, fiquei um pouco distante e observando as rodas de conversa na festa. Não consigo descrever com detalhes o que vi, mas ressalto que valeu muitas risadas. Depois de algum tempo – e muitas cervejas – vejo um quadro interessante: muitos chapados (pelos mais diversos itens), o Leandro dando muita pala, a “mina misteriosa” do Leandro caindo de bêbada e o João, suplicante, estendendo-me o cartão do banco e implorando que eu fosse ao posto buscar mais 2 maços do cigarro tipo Malrboro e um energético. Considerando o estado do amigo e um pouco entediado, procurei um voluntário e encontrei 4: Carol, Smurf, Luiz e Roberta. Fomos todos ao posto, apreensivos com os marginais pelo caminho mas relativamente tranqüilos. La chegando encontrei um velho amigo dos tempos de colegial, além do sempre grande Boss. O Boss estava muito puto porque ele tinha tido uma semana de muitas reviravoltas profissionais e ainda tinha de comparecer a um festa “dos contrários” promovidos pela também amiga Alê. Conversamos um pouco e o Boss, sempre solícito, ofereceu-nos uma carona. Quando saímos da loja, vi com brilho no olhar o Super Jipe do Boss. Não contive a emoção e dei pulos histéricos de alegria. Subimos todos a bordo e fomos p/ casa, com o Boss cortando caminhos pelos terrenos baldios. Nem precisa dizer do sucesso na chegada. Fomos a sensação da festa.

Evento 5: quando tudo parecia calmo, o Smurf apronta mais uma das suas. Algumas meninas passam ao longe na rua e, da janela, ele grita sons de bêbado. Dois minutos depois o interfone toca. 5 meninas querendo saber onde estava o aniversariante. A coincidência: uma delas era a secretária do cursinho em que o Smurf foi fazer uma entrevista de trabalho dois dias antes. Ela não só reconheceu o danado mas levou ele e o Luiz para a festa em que estavam, do lado da ACNA. Nem precisa dizer o que esse garotos aprontaram... dançaram como duas ladies e apreciaram as bundas (inúmeras) das mulheres gostosas (inúmeras) da outra festa.

Evento 6: de saco cheio, fui com o Braça levar as meninas do pensionato que moravam a três quadras dali. Na volta, ficamos valorizando as nossas mulheres e exaltando as felicidades da vida conjugal. Decidido a ir p/ casa sem o Luiz e o Smurf (que estavam demorando muito) cheguei e vi o Leandro competir com sua mina para ver quem era o mais inconveniente bêbado. Ele, faminto, exigia macarrão; ela, desorientada, fora fazê-lo. O Luiz, só p/ ajudar, despejou meia garrafa de pinga no molho. Deve Ter ficado bom, pois Leandro e João comeram sem reclamar.

Evento 7: tudo voltando ao normal – eu achando a noite estranha, meio desconfiado – e fomos então p/ casa. Levamos a Carol, que mora perto da prefeitura ,e voltamos para casa afim de deixar a Roberta, que mora na mesma quadra. Ao longe avisto três marginais, que medem nosso grupo e, por um razão desconhecida, não nos atacam. Achei estranho mas resolvi continuar, ignorar o fato. A medida que nos aproximávamos de casa fui sentido crescer em mim uma apreensão exagerada, maior do que aquela que existe ao andar apé pelas perigosas madrugadas do santa mônica. Deixamos a Roberta e entramos em casa. Um alívio repentino acalantou meu coração. Deixei rolar um som enquanto conversávamos sobre os estranhos acontecimentos da noite. Aos poucos meu receio foi diminuindo, até que cai no sono. Despertei assustado no sofá da sala com o Luiz me chamando para ver o gigantesco blecaute que,avassaladoramente, enegrecera todo o bairro. De novo aquela sensação de angustia voltava, com toda força. Pensei na cerca elétrica do prédio que certamente estaria desativada. Conferi a porta da sala – trancada – e dei boa noite ao Luiz. Tranquei-me em meu quarto e adormeci. Na manhã seguinte, já sem angústia da noite anterior, acordei com pancadas nervosas na porta.

Evento 7: O Luiz andava de um lado p/ outro perguntando de modo enérgico ao Smurf sobre a sua pasta. Acusa-o de escondê-la em um brincadeira sem graça. O Ari não encontra o seu celular, e o Luiz vê que também não acha o seu relógio; além do maço de cigarros. Olho a porta; destrancada. Vou até o quarto e ligo para o celular do Ari. Desligado. Na noite anterior eu mesmo tire-o do carregador depois que estava cheia a bateria. Caiu a ficha, fomos assaltados. Olhamos na sacada do prédio e vimos marcas de pés do lado de fora. Os filhos da puta entraram pela sacada (moramos no primeiro andar) que tem pelo menos 3 metros. Eles entraram na sala, pegaram as coisas sem acordar o Luiz e saíram deixando p/ trás o som e muitos CDs. Só podem ser ladrões mesmo... tão burros!

Por fim, o saldo da noite. Parabéns ao Smurf - uma festa muito divertida, porém estranha - maus fluídos (que detectei) e uma invasão domiciliar noturna tão sutil que não acordou o Luiz. Estamos rezando para que eles tenham apenas roubado o Luiz enquanto ele dormia... sabe-se lá o quão pesado é o sono do nosso amigo. Contudo, depois do B.O. da sempre inútil PM, trancamos a sacada e travamos sua porta de vidro com um pedaço de madeira. O coitado do Ari ficou sem celular e o Luiz... ladrões não merecem viver, pois são filhos da puta.

Aguardem: Manual fascista de caça, tortura e extermínio de marginais noturnos do bairro santa mônica. Viva os exterminadores da noite.