O Rafael Nanini, o nanico, pediu pra eu publicar esse texto enquanto ainda não está cadastrado no blog:

AUTO-AJUDA

Livro de auto-ajuda. Que faz com que você aumente a sua auto-estima, e que por sua vez obriga-o a autoflagelar-se pela simples autonomia de sentimentos, que por ora o consomem pela sua autofagia, displicente como você, ser tão autônomo.

Mas a figura de linguagem não permite que você, pela sua auto-comiseração, atinja o objetivo de simplesmente aceitar-se como alguém automaticamente vazio e sorridente. E falo isso pelo simples motivo de me auto-conhecer o bastante para ser tão altruísta e egoísta ao mesmo tempo. Nossa fábrica de bandidos e mocinhos, descartáveis como automóveis nacionais, a reles angústia voluntária ainda não alcançou o púlpito ardente para se consagrar auto-suficiente em todos os sentidos.

Dr. Castilho já descobriu o segredo de sua felicidade!

E mesmo que se satisfaça com o pão a fome e com o gozo a sede da carne, você menosprezará a ignóbil vontade de livrar-se de si mesmo, pela variedade de holofotes que a auto-exposição lhe oferece.

Alto lá! Alto lá! O mundo não é um palco, tampouco os telespectadores são mesmo platéia, que do alto de sua arquibancada tosca, de compensado altamente podre, contempla as suas palhaçadas com curiosidade pueril e monotonia adulta. Não! Há de se crer que você tem os olhos voltados para o próprio umbigo, e de lá, num palanque incrustado de fuligens e ferrugem, demanda aos gritos as ordens para o próprio interior nefasto, onde a brava cavalaria melancólica lhe atendem com prontidão, e os seus próprios demônios o defendem com a garra da sua própria vaidade. Ora, se da sua fragilidade você construir sua autodefesa, a mão entre a sua mente e seus olhos cuidará de carregar sua fronte nessa auto-estrada tortuosa. E se mesmo assim, à guisa de carência e ignorância, você não conseguir se estirar ao chão, relegando ao orgulho a própria gula de auto-sentir-se auto-frágil para se apropriar do leite e mel alheios, leia um livro de auto-ajuda.