sábado, abril 03, 2004

A UFUcity, assim como outras muitas universidades, é repleta de hippies, principalmente nos cursos de humanas. Em Uberlândia a divisão social é reforçada pela pela separação geográfica. Alunos de engenharia e direito ficam em extrimidades opostas aos alunos da artes, letras, história, geo... e é exatamente nesse segundo grupo que encontramos os hippies uberlandenses. Eles são caricaturas, estereótipos que circulam em carros do ano e usam roupas caríssimas associadas a trapos velhos e rasgados. Alguns poucos abdicam da higiene pessoal e cultivam cabelo e barba quase selvagens. O que me irrita não é o fato de optarem por um estilo de vida esquecido no tempo e pouco razoável na sociedade contemporânea. Algo que me irrita é sair no domingo para um almoço no maior centro comercial da cidade (center shopping) e ver que um porco capitalista mal sucedido como eu vai dividir espaço com boys da engenharia, do direito e, acredite se quiser, com os hippies. R$50,00 no almoço com a mina. Eles parecem gastar o dobro. Depois, meia hora andando até em casa. Eles de carro novo, dando um rolê.
Queria realmente entender como é que seres tão esclarecidos e que diariamente trabalham com informações sociais claras conseguem, por tanto tempo, viver a realidade cínica e forjada que a UFUcity sustenta. A galera do blog não gosta muito de Matanza, mas se as coisas continuarem asssim, logo a música que transcrevi abaixo pode ser realidade aqui p/ nós.
Ei patrão, olha só quem vem ali
O hippie da cidade não quis ir embora não
Não dá p/ acreditar que ele ainda está de pé
E caminhando em nossa direção
Foi muita coragem ter aparecido aqui
Decerto a nossa língua não entende muito bem
Sempre que disser, pois saia é pra sair
Mas se quiser ficar pois bem
A discussão e natural e qualquer desentendimento
E tudo é só questão de opinião
Exatamente como eu estava lhe dizendo
Maldito hippie sujo quero que vá embora
Saia já daqui
Ei patrão não sei mais o que fazer
Quanto mais eu bato nele mais ainda ri de mim
Tal adegeão tem perdurado pelas mãos
E nem parece achar ruim
Ei seu hippie imundo o que há de errado com você
Querendo esculhambar com a tradição do nosso povo
Pega o marcador de gado lá pra gente ver
Se ele vai aparecer aqui de novo
A discussão e natural e qualquer desentendimento
E tudo é só questão de opinião
Exatamente como eu estava lhe dizendo
Maldito hippie sujo quero que vá embora
Saia já daqui
Ei patrão não sei como lhe dizer
Mas eu vi mais 40 deles vindo pelo rio
Sei que lá no alto da estrada tinha uns cem
E ali pro pasto mais de mil
E o hippie se levanta e diz agora é minha vez
Quero que vocês porcos ouçam muito bem
É bom que amem mesmo a terra de vocês
Pois daqui não vai sair ninguém
Em pouco menos de uma hora já estavam todos mortos
Todos espalhados pelo chão
De tudo isso resta o ódio como herança
Nada de esperança
Só mais uma historia que não acaba aqui...

Próximo texto: Como chocar a sociedade com atitudes radicais e modernas sem perder a mesada (uma história real).